Algumas das maiores indústrias de tabaco realizaram, nos últimos 40 anos, diversas pesquisas sobre a existência de polônio nos cigarros, mas omitiram os resultados, afirma um estudo divulgado na edição de setembro do American Journal of Public Health. Os especialistas examinaram mais de 1500 documentos internos das fabricantes de cigarro.
O Polônio 210 – que ficou célebre ao causar a morte do russo Alexander Litvinenko, ex-agente da KGB, em 2006 – causa câncer em animais e pesquisas sugerem que o elemento radioativo é responsável por 1% dos casos de câncer de pulmão nos Estados Unidos. Por ano, cerca de 11700 pessoas morrem em decorrência do tabaco no mundo.
Embora soubessem dos efeitos gerados pela presença do polônio nos cigarros, as companhias de tabaco mantiveram silêncio. Um dos documentos revela que “divulgar a informação seria despertar um agente adormecido”. Segundo Monique Muggli, pesquisadora da americana Mayo Clinic, durante anos as empresas tentaram retirar o polônio do tabaco, mas não conseguiram fazê-lo sem alterar o gosto do produto. “Os documentos da Philip Morris mostram que a maior parte das pesquisas internas sobre o PO-210 [Polônio 210] não foi publicada por medo de levantar desconfiança pública”, afirma a cientista.
Um porta-voz da British American Tobacco, segunda maior empresa de tabaco do mundo, rebateu o artigo dizendo que não se sabe quais componentes dos cigarros causam câncer e argumentou que o polônio 210 também é usado em comidas. Já a Philip Morris alegou que muitos relatórios sobre cigarro e polônio foram divulgados nos últimos 30 anos, mas nenhuma empresa publicaria todas as suas descobertas internas.
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